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Essa semana não estava planejada, no entanto, assim como fizemos com Godard no ano passado, alteramos o calendário.

A morte de William Friedkin me pegou desprevenido. Seu novo filme, recentemente exibido no Festival de Veneza, tem sido bastante elogiado e marcaria o seu retorno definitivo.

Sua carreira não é um exemplo de regularidade, o que também se deve ao seu estrondoso sucesso na década de setenta.

Poucos cineastas se saíram tão bem nesse período. “The Boys In The Band” é uma aula de como se adaptar uma peça de teatro, mantendo a “tradição” do material base e adicionando elementos narrativos cinematográficos marcantes.

“The French Connection” lhe rendeu um Oscar e colocou o seu nome entre os principais da “Nova Hollywood”. Não que eu não goste do filme, pelo contrário, acho espetacular, entretanto, “Laranja Mecânica” e “The Last Picture Show” são melhores. Está longe de ter sido um crime cometido pela Academia, foi apenas um erro.

Em 1973, Friedkin revolucionou o cinema e o gênero do horror com “O Exorcista”, sua obra definitiva.

Quatro anos depois, já reconhecido como um mestre, ele realizou “Sorcerer”, o trabalho pelo qual disse que gostaria de ser lembrado. O filme fracassou estrondosamente nas bilheterias e foi um dos responsáveis pelo fim da autonomia total que os cineastas americanos da década de setenta tinham. Os estúdios voltaram a ter um poder maior. Dito isso, a cada ano que passa, “Sorcerer” é mais elogiado e considerado uma obra magistral.

A década de oitenta não foi tão generosa com Friedkin, no entanto, em 1985 ele dirigiu “To Live And Die In L.A.”, um dos melhores filmes policiais de todos os tempos.

Friedkin deu uma sumida, trabalhou em projetos menores e fracos. Contudo, suas duas últimas obras, lançadas em 2006 e 2011, respectivamente, são maravilhosas e extremamente subestimadas.

Protagonizado por Michael Shannon, “Bug” é um retrato assustador e frenético sobre paranoia e pânico. “Killer Joe”, por sua vez, conta com uma perfomance fascinante de Matthew McConaughey e consegue a proeza de ser, simultaneamente, tenso, violentíssimo, engraçado e imprevisível.

William Friedkin merece todas as homenagens possíveis.

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