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Nicholas Van Orton é um bancário bem-sucedido. Suas conquistas param no âmbito material, não à toa, o único lugar que não é marcado por tons frios, é justamente o seu escritório, onde se sente poderoso – luz que chega a ser dourada. A fotografia e a direção de arte são as principais responsáveis por sua caracterização: um homem indelicado, solitário, arrogante, egocêntrico e vazio, que mal olha para o rosto das pessoas com quem conversa.

O filme inicia com uma colagem de vídeos caseiros de sua infância, quando era apenas um jovem alegre e ingênuo. É o seu aniversário, poucos se lembram, nem ele dá a devida importância para a data. Seus pensamentos estão voltados a um fato mais interessante: seu pai, um sujeito igualmente obcecado por trabalho e ganhar dinheiro, se suicidou com os mesmos quarenta e oito anos. As imagens do passado dão uma complexidade maior ao protagonista, de certa forma, servem como estudo de sua psique, que tenta resgatar algum tipo de sentimento prazeroso e memórias do passado. Seria Nicholas tão parecido com o pai a ponto de ter um fim similarmente trágico? Seria o “herói” da história uma versão piorada do patriarca da família?

A verdade é que, apesar de não ser uma figura empática, o protagonista vive rodeado de fantasmas que, sem dúvida alguma, fomentaram sua personalidade agressiva e desagradável. Pelo jeito que fala com a ex esposa, podemos perceber que ele já amou alguém e teve a intenção de formar uma família, no entanto, seu ego o afastou das coisas que, inconscientemente, mais valorizava. Seu rancor perante os outros é também consigo, quase como se estivesse o tempo inteiro conversando com um espelho. Nicholas cita o seu sapato de dois mil dólares e a luxuosa mansão, mas não convence ninguém de que está feliz ou satisfeito com as conquistas que obteve. Talvez ele esteja, afinal, habita um universo tão solitário e melancólico, que não tem com quem conversar e refletir. Nicholas é o clássico milionário, um ser frio e plastificado que se gaba do que, gradativamente, nota que pouco importa.

Conrad, seu irmão, um jovem um tanto rebelde, é o seu único elo afetuoso e que se lembra, genuinamente, de seu aniversário com carinho.

Ele lhe dá um presente questionável. Uma experiência transformadora em todos os sentidos. Nicholas não entende muito bem o significado daquilo, todavia, liga para o tal número e se cadastra para participar do jogo, que, segundo o responsável pela assinatura, é como tirar férias, só que elas vão até você.

A princípio, o protagonista menospreza o programa, contudo, aos poucos, sua vida vira do avesso. Analisar “The Game” sem spoilers é impossível, logo, peço que tomem cuidado a partir daqui.

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