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Existem três gênios que utilizam Nova Iorque como palco de praticamente todos os seus filmes: Martin Scorsese, Woody Allen e Spike Lee.

Oriundos de culturas e partes diferentes da cidade, cada um a enxerga de uma maneira própria. No entanto, há uma frase no filme “Summer Of Sam, de 1999, dirigido por Lee, que representa perfeitamente o que os três cineastas sentem por Nova Iorque: “a cidade que amo e odeio igualmente.”

Lee preenche suas obras com enorme nostalgia e afeto, no entanto, deixa claro que Nova Iorque – principalmente o Brooklyn – é um espaço de opressão e preconceito. A discussão não é apenas racial, mas também cultural. Mesmo enorme, Nova Iorque não comporta a sua diversidade, o que entristece o diretor, como enfatizado em seus filmes.

Dono de uma filmografia enorme, Lee é um dos diretores mais autorais de todos os tempos. Em termos temáticos, suas obras podem até parecer repetitivas, mas não são, já que o diretor consegue, através de tramas completamente distintas abordar temas similares. Lee quer que os negros sejam notados e respeitados e, ainda assim, não se faz de vítima, admitindo que seus “irmãos” podem ser preconceituosos e violentos. Sua visão empática em relação ao Brooklyn em que nasceu é espetacular, poucos cineastas são tão fiéis a realidade.

Em termos formais, Lee é inventivo e surpreendente. Seus filmes estão repletos de assinaturas pessoais, cujas conotações mudam de acordo com a trama e o arco dos personagens. Lee é capaz de realizar épicos e filmes independentes com a mesma maestria.

Ele é provavelmente o segundo diretor que mais atuou em seus próprios filmes, variando entre figuras essenciais e coadjuvantes. É engraçado perceber que seu estilo não mudou nada com o tempo, o mesmo Lee de “Faça A Coisa Certa” é o que se senta nos primeiros assentos do Madison Square Garden, onde acompanha os Knicks.

Como praticamente todo gênio, Lee é constantemente ignorado pela Academia, tendo recebido apenas uma estatueta pelo roteiro de “Infiltrado Na Klan.

Ao lado de Woody Allen, Lee é o recordista de obras primas “esquecidas”. “Clockers” e “Bamboozled”, por exemplo, são relembrados apenas pelos grandes fãs do trabalho do diretor.

Polêmico, necessário, criativo e genial, este é Spike Lee.

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