Skip to main content

“La Pointe Courte”, a estreia de Agnès Varda, impressiona pela inovadora estrutura narrativa.

O filme se passa na pequena cidade que dá nome ao título e varia entre uma abordagem quase documental dos moradores e um estudo sobre um matrimônio em frangalhos.

As cabanas são praticamente coladas umas nas outras. Todos se conhecem e é de se espantar que os pescadores, que mentem para si, sabendo que a água do rio é poluída, ganham a vida vendendo mariscos. Eles se preocupam com a chegada de fiscais de higiene e não demonstram empatia quando uma criança morre envenenada. Um rapaz pretende pedir a mão de sua amada em casamento, no entanto, o pai da moça a agride ao saber que, antes mesmo de atingir a maioridade, já estava saindo com garotos. O machismo e o egoísmo estão presentes no vilarejo, contudo, a proximidade que, de certa forma fortifica “vícios danosos”, também é responsável por um cuidado notável. Ao ouvirem a mãe da criança falecida chorando, um número expressivo de “vizinhos” fica na porta, prestando condolências e sentindo a dor daquela família.

Varda não está tão interessada em formar laços e relações, seu olhar é amplo. Varais improvisados, cabanas precárias, condições insalubres e ruas vazias ressaltam a dura realidade dos moradores que, por mais problemas que enfrentem diariamente, não deixam de se divertir. A cena do “duelo” entre os barcos é esteticamente belíssima e o baile, filmado com o auxílio de uma grua, ratifica uma felicidade simples e palpável.

Varda trata o ambiente como um personagem fundamental, não à toa, invariavelmente, usa ângulos na altura das casas.

O que você achou deste conteúdo?

Média da classificação / 5. Número de votos:

Nenhum voto até agora. Seja o primeiro a avaliar!