Skip to main content

Considerada a madrinha da Nouvelle Vague, Agnès Varda é dona de uma das carreiras mais originais da história da sétima arte. O primeiro aspecto a ser notado em suas obras fictícias, é o seu cuidado perante os personagens e os universos que concebia. De certa forma, servem de espelho para o espectador que, invariavelmente, se enxerga nas figuras centrais e em rostos casualmente filmados. Quem não é um grande conhecedor de sua filmografia e assistir a “La Pointe Courte”, “Cleo From 5 to 7” e “Vagabond”, terá a certeza de que Varda também era uma documentarista.

Não importa se o filme estava voltado a um movimento político, a um artista, a um grupo de catadores de frutas, aos seus vizinhos ou a sua própria vida, seu olhar humano e empático torna qualquer tema, por mais simples que seja, relevante e emocionante. Assistir a um filme de Varda é, sem dúvida alguma, uma experiência transformadora. Aflora uma sensibilidade e um carinho adormecidos ou até mesmo desconhecidos e nos obriga a reavaliar convenções sociais, relacionamentos e a nossa trajetória no universo. Por outro lado, suas obras ampliam o conhecimento do espectador em relação a linguagem cinematográfica. Varda sempre testava novos elementos narrativos – montagem, movimentos de câmera, fotografia e direção de arte, principalmente.

É difícil acreditar que a mesma pessoa dirigiu “Vagabond” e “Le Bonheur” – exemplos perfeitos de sua versatilidade como artista.

Varda não se acomodou com a idade. Seus documentários visualmente mais inventivos, foram justamente os seus últimos – destaque para “As Praias De Agnès” -, o que denota uma enorme paixão pelo fazer cinematográfico e pelos seres humanos.

Ela foi casada durante vinte e oito anos com Jacques Demy – diretor importante da Nouvelle Vague que morreu precocemente – e, além de ressaltar constantemente o seu amor por ele, eu não tenho dúvidas de que foi influenciada por seu estilo narrativo – “Le Bonheur” e “One Sings, The Other Doesn’t deixam isso nítido. Para quem não sabe, Demy realizou os musicais mais belos, coloridos e vistosos de todos os tempos.

Jean-Luc Godard e François Truffaut disputam o posto de cineasta mais importante da Nouvelle Vague, no entanto, foi Agnès Varda, em 1955, com “La Pointe Courte, que deu início ao movimento.

O que você achou deste conteúdo?

Média da classificação / 5. Número de votos:

Nenhum voto até agora. Seja o primeiro a avaliar!