O cinema sul-coreano ganhou notoriedade mundial após os vários Oscars conquistados por Bong Joon-ho, diretor de “Parasita”.
No entanto, digo com convicção que ele está longe de ser o cineasta mais talentoso do país, já que, a Coreia do Sul pode se orgulhar de ter Park Chan-wook, um dos diretores mais influentes dos últimos vinte anos.
“A Criada” alavancou o seu nome para o cenário mainstream, mas os conhecedores de sua filmografia sabem que Chan-wook esbanja talento e originalidade desde 2000, ano de sua estreia, com “Joint Security Area”.
Sutil como poucos, Chan-wook ficou famoso pelas sequências ultra-violentas e por explorar o pior dentro do ser humano – não à toa, fez uma trilogia baseada na vingança e no ódio.
Se engana quem pensa que, por esses motivos, Chan-wook é um diretor previsível. Sua capacidade de tornar personagens supostamente unidimensionais em criaturas complexas e fascinantes é impressionante.
O desejo carnal desenfreado é outro tema recorrente em sua filmografia, sempre retratado com delicadeza e honestidade, sem apelos ou baixarias.
Sua obra prima máxima, “Oldboy”, é um dos filmes mais espetaculares, inteligentes e emocionalmente contraditórios que já assisti. É o tipo de filme que fica com o espectador eternamente. Uma das grandes virtudes do diretor é a empatia. Em nenhum momento ele julga a atitude de seus personagens – sejam elas extremas ou não. Diferente de outros diretores, que expõem as suas ideias logo de cara, Chan-wook monta e desmonta cenários com habilidade, provando estar sempre um passo à frente do espectador, constantemente surpreendido por seus geniais roteiros.
Chan-wook brinca com gêneros, gosta de explorar a linguagem cinematográfica ao máximo. Humor, suspense, drama, romance e ação são apenas meios de atingir o resultado mais primoroso possível.
Chan-wook tem as suas marcas visuais, sendo as mais icônicas os close ups e os longos planos, além, claro, da montagem que passeia entre passado e presente criando rimas visuais elegantes.
Se trata de um daqueles diretores que está “acima do Oscar”. Sabemos que a Academia nunca reconhecerá o seu trabalho e, mesmo assim, temos a absoluta certeza de que Park Chan-wook, em relação a maioria dos premiados, está numa prateleira superior.
