Polêmico e controverso, Lars von Trier é um dos cineastas mais autorais da atualidade. A partir de alegorias e personagens únicos, ele nos obriga a repensar certas convicções e, invariavelmente, sacode a alma do espectador.
Apesar de ter começado sua carreira em 1984, com o bom “The Element Of Crime”, foi em 1996 que von Trier realmente apareceu para o mundo, com o extraordinário “Breaking The Waves”, que deu início a “Trilogia do Coração de Ouro”.
“The Idiots” foi o seu único filme a respeitar plenamente os conceitos impostos pelo “Dogma 95” – movimento cinematográfico idealizado por ele e Thomas Vinterberg que impunha uma série de regras aos diretores, visando a criação de obras cruas, realistas e menos comerciais.
“Dancer In The Dark, de 2000, já estava fora dos moldes do Dogma 95 e fechou a trilogia com perfeição, rendendo a von Trier a Palma de Ouro no Festival de Cannes.
Em 2009, a “Trilogia da Depressão” foi inaugurada com “Anticristo”, sem dúvida alguma, o seu filme mais chocante e “difícil”. É o tipo de projeto que não fará o menor sentido caso seja analisado objetivamente.
A trilogia seguiu com “Melancholia” (2011) e “Nymphomaniac” Vol 1 e 2 (2013). O que difere significativamente a primeira da segunda fase são os aspectos de fotografia. “Dancer In The Dark” e “Anticristo” dividem uma série de semelhanças, como, por exemplo, o uso constante de câmera na mão e os cortes abruptos – marcas registradas do dinamarquês.
Entre as trilogias, von Trier dirigiu “Dogville”, uma das obras mais originais da década de 2000. Seu último filme, o violento e auto indulgente “The House That Jack Built” é um prato cheio para os fãs do cineasta.
Lars von Trier é um provocador nato e o seu retorno triunfal ao “Festival de Cannes” prova isso, no entanto, não cometam o erro de acreditar em tudo que aparece na internet. Lars von Trier é um dos gênios mais autênticos da história da sétima arte.