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A primeira indicação de Saoirse Ronan ao Oscar foi em 2008, pelo filme “Atonement”, quando tinha apenas treze anos. Atualmente, ela tem vinte e oito e foi lembrada pela Academia mais três vezes. Sua estatueta ainda não veio e, como já citei em outras biografias, esse me parece mais um caso do “Oscar da vez”, ou seja, no “momento certo” Ronan será premiada. 

Suas interpretações em “Lady Bird” e “Little Women” são igualmente extraordinárias, sem dúvida estão entre as melhores da última década. Ambos os filmes foram dirigidos por Greta Gerwig, sua grande parceira. Uma tira o melhor da outra e o encaixe é perfeito. Poucos cineastas iniciam sua carreira com duas obras primas e esse mérito deve ser dividido com Ronan.

Eu costumo usar Paul Dano como o exemplo de um artista que sempre escolhe trabalhos interessantes e que dificilmente entra em furadas. O mesmo não pode ser dito sobre Ronan, cujo talento não faz jus à sua fama. Os cinéfilos e críticos obviamente a conhecem, mas ela não é uma figura facilmente identificável exatamente porque toma decisões equivocadas constantemente. “Ammonite” é um ótimo filme, porém não é uma unanimidade e foi pouquíssimo assistido. “Little Women” é de 2019 e, desde então, a impressão que temos é que Ronan tirou anos sabáticos. Mas não, ela apenas participou de projetos fracos – “The French Dispatch” – ou inexpressivos – “See How They Run” -, o que é uma pena. 

Ela está entre as cinco melhores atrizes da atualidade e a maior prova disso é que, mesmo com uma filmografia irregular, já coleciona várias indicações ao Oscar. 

Ronan mescla perfeitamente doçura e rebeldia, sendo essa a sua principal marca. Essas duas características estão presentes em “Lady Bird” e “Little Women”, no entanto, as personagens não poderiam ser mais diferentes. 

Ronan mede muito bem o tom de suas interpretações, tomando cuidados dignos de uma veterana em suas caracterizações. É versátil e atinge extremos com facilidade, sendo capaz de dar vida a qualquer personagem. Em “Brooklyn”, Ellis tem um arco extenso, indo de uma jovem insegura e frágil para uma mulher forte e determinada. Por outro lado, em “Hanna”, a protagonista é uma criança selvagem e ágil, que pode matar qualquer um. 

Ao analisar a carreira de atrizes desse calibre percebo algo que não deveria ser uma realidade, mas, infelizmente, ainda é: os homens recebem as melhores oportunidades. Comparem, por exemplo, Ronan com Timothée Chalamet – os dois trabalharam juntos em “Lady Bird” e “Little Women” – e analisem quem recebe mais oportunidades e papéis interessantes…

Talvez eu tenha sido injusto com Ronan e Blanchett. A verdade é que é fundamental para o futuro do cinema o surgimento de diretoras como Gerwig, talentosas e com um olhar propriamente feminino. 

Ronan não tem o devido reconhecimento, mas o alcançará com o tempo. Tenho certeza.

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