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Preso por fraude e estelionato, Danny Ocean está livre e já tem um novo plano em mente. Dessa vez, ele irá saquear três dos principais Cassinos de Las Vegas, famosos por seus sistemas de segurança infalíveis. Para tal, Danny precisará de uma larga equipe, composta por pilantras com habilidades variadas e dispostos a correr o maior risco de suas vidas por uma quantia inestimável.

Steven Soderbergh sabe que deve destacar a malandragem da trupe e a linguagem adotada pelo cineasta não poderia ser mais agradável e despojada. A Split Screen e as “cortinas”, usadas pela montagem nas transições, são elementos que potencializam a descontração, deixam nítido com que tipo de pessoas estamos lidando e conferem fluidez à narrativa. Quando Danny e Rusty se reencontram, Soderbergh corta para planos mais fechados, ressaltando que aquela é uma relação longínqua e que, em poucos dias, o plano estará completamente elaborado.

A fim de expor a destreza de Linus roubando carteiras, o diretor multiplica o número de frames por segundo – Step Printing -, colocando o espectador em sua rotação particular. As panorâmicas ágeis, as Freeze Frames e os zooms também entram nessa equação, transformando “Ocean’s Eleven” num projeto muito mais ambicioso e divertido do que seria nas mãos de um artista menos capacitado.

Outro fator fundamental para o êxito da obra é a meticulosa marcação dos personagens em cena. A câmera acompanha um deles e, repentinamente, para no exato local onde o outro membro do grupo está localizado, contemplando, assim, suas aptidões e o espírito de equipe. O roubo não seria nada interessante e complexo se a carpintaria de Soderbergh não estivesse à sua altura.

Por último e não menos importante, está o elenco, que, sem dúvida alguma, se divertiu bastante durante as gravações. Os cabeças do plano precisam ser sujeitos charmosos, com uma retórica convidativa? George Clooney e Brad Pitt são escolhas tão óbvias, que eles nem devem ter lido muito o roteiro. Essa é a zona de conforto da dupla, cujos olhares sedutores e excelente timing cômico nunca decepcionam.

As interações são deliciosas de se assistir e crescem muito pelas diferentes personalidades dos colegas – evidenciada também por seus figurinos. O jogo de encenação é constante, eles estão sempre um passo à frente dos demais e se adaptam facilmente às novas personas. Interpretado por Matt Damon, Linus é o mais “rebelde”, logo, é o que mais bate de frente com os líderes e o que ganha mais espaço no momento da ação. Vivido por Casey Affleck, Virgil é uma espécie de camaleão – quase um Peter Sellers – e o seu humor é bem peculiar. A presença de veteranos como Carl Reiner e Elliott Gould é muito bem-vinda.

No clímax, o uso de montagem paralela reforça a engrenagem que foi concebida, além de servir à tensão e à comicidade. A sequência na qual o chinês fica preso na porta que Linus e Danny tentam explodir é o melhor exemplo da junção dessas facetas.

A trilha sonora suave e o chafariz elevam o clima de satisfação – tudo deu certo, mesmo que alguns ajustes tenham sido feitos durante o percurso.

O protagonista não pensou simplesmente no roubo, sua principal intenção é reconquistar Tess, sua esposa, atualmente envolvida com Terry Benedict, dono dos Cassinos.

-Ele a faz rir?

-Ele não me faz chorar.

Danny quer dar a volta por cima, justificar seu amor e embaraçar o inimigo, interpretado por Andy Garcia com uma imponência que não condiz com o seu tamanho e que, com o tempo, se torna constrangedora.

Instigante do início ao fim, “Oceans Eleven” é entretenimento de altíssimo nível. A parceria Clooney/Soderbergh é, facilmente, uma das mais subestimadas de Hollywood.

E, sim, esse é o filme no qual Brad Pitt aparece comendo algo em praticamente todas as cenas.

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