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Dono de duas Palmas de Ouro, outros dois prêmios no Festival de Cannes e de um Oscar de melhor filme estrangeiro, Michael Haneke é um dos diretores mais interessantes e inteligentes que já pisaram na terra. 

Formado em psicologia e filosofia, o cineasta austríaco é um verdadeiro analista social, que, apesar de ter seu trabalho amplamente reconhecido, não faz esforço algum para chamar atenção. Muito pelo contrário, suas obras são, majoritariamente, reflexivas e silenciosas. 

“Code Unknown”, “71 Frgamentos De Uma Cronologia Do Acaso” e “The Seventh Continent”, por exemplo, não são filmes que eu indicaria para qualquer pessoa. O espectador que tenha o real interesse em mergulhar na filmografia de Haneke, tem que ter algumas coisas em mente: não espere por respostas e se atente a cada detalhe, nada é gratuito. 

Um dos grandes méritos de Haneke é realizar estudos de situações, dando maior ênfase para o que está acontecendo do que para o arco dos personagens. Dessa forma, não criamos necessariamente um vínculo com um possível protagonista, mas com o tema discorrido pelo diretor, o que acaba sendo bastante impactante e inovador. 

Diria que seus filmes dificilmente não seguem essa dinâmica – a única excessão é “The Piano Teacher”, uma de suas principais obras primas.

Sua característica mais notável é, sem dúvida alguma, a frieza. Haneke só trabalha com sons diegéticos e utiliza planos longuíssimos em sequências em que “supostamente nada acontece”, elevando a tensão e obrigando o espectador a observar o que realmente importa. 

A não ser por “The White Ribbon”, cuja fotografia em preto e branco é deslumbrante – apesar dessa não ser a sua função narrativa -, Haneke nunca realizou uma obra vistosa, no entanto, literalmente, todas elas, são dominadas por um virtuosismo raríssimo. A impressão que tenho, ao assistir a um de seus filmes, é que ele não faz esforço algum para ser genial. 

Não poderia deixar de mencionar o seu tema favorito: a violência. 

Haneke é um dos poucos cineastas que nunca realizou algo “simplesmente bom” e que nunca abandonou suas convicções. 

“Meus filmes se insurgem contra o cinema fast-food norte-americano e sua descapacitação do espectador. Eles são um apelo para um cinema de perguntas insistentes em vez de respostas falsas (falsas por serem rápidas demais), um apelo por um cinema que clarifica a distância ao invés de violar a proximidade, por um cinema da provocação e do diálogo ao invés do consumo e do consenso.” 

A grande pergunta e que, sinceramente, não sei como responder é: depois de Mozart, seria Haneke o maior artista austríaco de todos os tempos?

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