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“Far From Heaven” é a versão de Todd Haynes do clássico “All That Heaven Allows”, dirigido por Douglas Sirk.

O uso de cores, os figurinos e até a grafia do título dizem muito sobre a proposta do cineasta, que revisita os belos melodramas americanos da década de cinquenta.

Cathy e Frank Whitaker são o protótipo do casal perfeito. Ela é uma dona de casa exemplar e prepara coquetéis e buffets inigualáveis; ele é bem-sucedido e faz de tudo para manter uma imagem impecável. A verdade é que desde o início, sentimos uma certa artificialidade naquele relacionamento, que se torna mais evidente ao longo da trama. Frank não é, em nenhum momento, carinhoso com os filhos, principalmente com David, que está sempre desesperado para contar uma novidade e é rapidamente brecado pela frieza do pai.

A direção de arte retrata o casal de uma forma bastante certeira. Há cores por todos os lados, dos mais diversos tons. Os mais quentes estão ligados a Cathy, cuja simpatia impressiona, e os frios, a Frank, que esconde um segredo.

Em relação a fotografia, a estrutura melodramática permite uma variedade mais intensa, que conversa diretamente com os sentimentos dos personagens. Os tons azulados são os mais presentes na casa, representando a melancolia em torno de um falso matrimônio. Dependendo da situação dos personagens, eles se situam no lugar mais escuro do quadro. E aí entra a grande questão do filme: Cathy e Frank não estão errados, apenas vivem em uma sociedade na qual seus desejos não são aceitos e essa angústia pede uma tonalidade fria, desesperançosa.

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