“Vai comigo para Roma?”, pergunta Michel, o protagonista do filme, para uma garota que, até então, não havia aparecido. A música que surge no fundo é belíssima e dá a entender que os dois se conhecem há bastante tempo e que se amam. Não é o caso. Eles passaram apenas três noites juntos, o que já é mais que suficiente para Michel convidá-la para fugir do país.
“Acossado” é um filme sobre a natureza jovial. Michel anda pelas ruas de Paris, esbarra em espelhos e faz caretas. Ele quer ser como Humphrey Bogart, não à toa, está sempre de chapéu e nunca perde a oportunidade de acender um cigarro. Michel poderia facilmente ter evitado toda a confusão que causou – o assassinato de um policial -, mas preferiu o mais difícil, o mais emocionante. No fim, ele poderia escapar, porém, que sentido faria a fuga se não fosse empolgante e divertida? Existe algo mais deprimente do que fugir para Roma sem alguém ao seu lado? Na cabeça do protagonista, não. Michel é um malandro enigmático, que não faz cerimônia para roubar carros e carteiras. Em determinada cena, ele diz que as mulheres nunca têm dinheiro. Uma reclamação que se deve a sua idêntica condição. Entre saltos e giros, Michel fala sobre o amor e sua vontade de fugir com Patricia. Ela trabalha vendendo jornais e vê um futuro promissor como escritora. Mesmo assim, a proposta do protagonista a deixa em dúvida, ressaltando sua principal característica: a insegurança. Michel é apenas um trambiqueiro que finge ser algo a mais, Patricia tem aspirações e sonhos maiores.