O grande mérito de “Risky Business” é entender que o presente e o futuro dos jovens podem coexistir, sem que um interfira no outro.
Puberdade, fantasias e prazeres simples são confrontados por exigências específicas, que freiam esse ímpeto e, de certa forma, influenciam negativamente na formação do jovem.
Joel Goodsen está todo travado. Seus pais perguntam sobre notas e aplicações para faculdades, a escola exige demais e os sonhos não saem do papel. Ele se veste como se estivesse preso a um personagem – o filho perfeito.
Tudo muda quando seus pais viajam e um de seus amigos envia uma garota de programa para a sua casa.
A primeira vez entre Joel e Lana é, obviamente, fruto da idealização dele, que havia sonhado com aquele momento diversas vezes.
O protagonista passa a agir de forma espontânea, experiencia situações significativas, sofre golpes e se vê transformado pelo mundano. A faculdade continua lá, ela pode esperar um pouco e deixar Joel se conhecer melhor antes de adentrar um novo território.
As convenções moldam os seres humanos, que lutam, tentam se esquivar e, no processo, encontrar alívio e felicidade.
Essa é uma jornada divertida, sobre maturidade, liberdade e olhar para o “agora”.
O roteiro é brilhante ao estabelecer o relacionamento entre Lana e Joel.
Ela é calculista e conhece o submundo, enquanto ele é ingênuo e vive em uma bolha.
Certas idealizações se deterioram e a principal delas envolve dinheiro. Após uma noite de prazer inesgotável, o protagonista sorri e recebe em troca a conta.
Os dois se aproximam, vivem situações intensas, mas o roteiro nunca transforma aquilo em um romance. O carinho é inegável, mas, no fundo, ambos sabem que a relação é movida por interesses e que, inevitavelmente, um esquecerá o outro.
Joel a entrega um pouco de genuinidade e um grande negócio; em contrapartida, Lana o apresenta para o mundo, aumenta sua autoestima e entrega a diversão que todo jovem merece.
O arco do protagonista está diretamente ligado ao seu figurino. Na festa, podemos notar que sua roupa é mais elegante e despojada – destaque para os óculos escuros.
O medo dá lugar a confiança, e é graças a isso que Joel alcança a vaga na faculdade desejada.
A eficiente montagem permite bons momentos de tensão como a sequência final, em que os pais chegam de viagem.
A trilha sonora eletrônica da banda Tangerine Dream encaixa perfeitamente na proposta do diretor, sendo jovial, estilosa e sedutora.
O roteiro ainda é responsável por excelentes diálogos, que condizem com a idade e maturidades dos personagens.
Por ter uma prostituta no centro da trama, o filme poderia cair em certas armadilhas e se tornar um drama, contudo, o diretor equilibra o tom, apresenta os perigos da vida de Lana, mas não os torna essenciais.
A câmera lenta é utilizada em momentos oportunos e enfatiza o estado de espírito elevado do protagonista.
Esse foi o primeiro grande papel de Tom Cruise. Sua interpretação é extremamente sólida e tem como ponto principal o carisma. Desde cedo, ele apresentava uma capacidade rara de cativar o espectador.
Rebecca De Mornay é um contraponto perfeito à Joel e sua química com Cruise é notável. Sua personagem é complexa, está longe de ser má, mas não é tão doce quanto parece.
“Risky Business” é um filme inspirador e divertido, que deveria ser mais valorizado.
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