Quem é Sy Parrish? Em “One Hour Photo” um homem solitário, deprimido e angustiado que enxerga em fotos alheias algum tipo de conforto e uma sensação de pertencimento ou um maníaco com tendências psicóticas que invade a privacidade das pessoas?
Sentimos pena e medo de Sy. Sua condição é melancólica e suas aproximações, por mais invasivas que sejam, são meras tentativas de socializar, de se abrir e fomentar laços afetivos. Comprar o mesmo livro de Nina e um brinquedo para Jake podem parecer formas doentias de alcançar tal meio, entretanto, enquanto assistia o pobre protagonista em sua jornada, criei algum tipo de empatia por ele.
Sy revela fotos em uma loja de conveniências e descreve o que vê como aquilo que os seres humanos querem eternizar. Ninguém fotografa momentos dos quais não quer se lembrar, apenas os alegres e radiantes. De certa forma, isso o alivia, pois, por trás de cada família perfeita, existe uma crise, uma dor. O protagonista conhece cada cliente seu, mas dá uma atenção especial aos Yorkins, principalmente para Jake e Nina. A primeira grande surpresa surge a partir de uma panorâmica que apresenta a parede da casa de Sy, preenchida pelas fotos que revelava dessa família, todas alegres. Observar o que não lhe pertence e que ele sabe que não é exatamente genuíno é a maior prova do quão vazia é a vida desse homem.