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“O Exterminador do Futuro” foi o projeto que catapultou Arnold Schwarzenegger ao patamar de astro hollywoodiano e assegurou o espaço de James Cameron na indústria. O filme teve um orçamento baixo (somente seis milhões de dólares), contrastando com a continuação, cujo investimento foi cerca de 15 vezes maior.

São obras complementares, que representam perfeitamente as décadas em que foram lançadas. “O Julgamento Final”, 1991, foi um marco para os efeitos visuais, com sequências de ação que serão eternamente lembradas. “O Exterminador do Futuro”, 1984, combina elementos de terror, ficção científica e ação. Os efeitos práticos prevalecem, com destaque para o trabalho de maquiagem do Exterminador – a cena em que ele retira o tecido danificado continua arrepiante. Schwarzenegger dá vida a uma figura que se assemelha a assassinos slashers, mantendo uma expressão monotônica e uma frieza que faz jus à sua capacidade interpretativa. Cameron, na contramão de filmes como “Blade Runner”, promove a desumanização da máquina, tratando-a como uma espécie que está aqui para destruir os humanos e estabelecer uma ditadura. Seu ciborgue é pragmático, objetivo e incapaz de demonstrar qualquer tipo de sentimento. No futuro de Kubrick, em “2001”, as máquinas avançaram tanto, que ultrapassaram o homem em termos de humanidade; para Cameron, as máquinas são sintetizadas na imagem brucutu de Schwarzenegger.

As rápidas passagens futurísticas se passam em terrenos baldios; zonas abaladas por uma guerra nuclear, dominadas por fumaça, escuridão e violência. A fim de reforçar que não estamos tão distantes assim do fim (ou do futuro), Cameron constrói um meio urbano soturno, tomado por tons azulados. Não existem ambientes convidativos, a desesperança corroeu as ruas e a polícia não pode fazer nada para impedi-la. O vermelho fica por conta da perspectiva do Exterminador, cujo olhar reflete a sanguinolência a qual ele foi submetido. Cameron, invariavelmente, enquadra o ciborgue a partir de contra-plongées, captando sua essência vilanesca e conferindo uma imponência ainda maior ao fisiculturista austríaco. Em sequências pontuais, principalmente no início, a movimentação de câmera captura o caos urbano, fomentando, junto com a trilha sonora minimalista, uma atmosfera tensa.

Os filmes de Cameron são materiais chave no estudo de estruturação narrativa. Ele não esconde o fio condutor, mas sempre incorpora elementos que dão um gosto a mais e garantem um ritmo prazeroso. Sabemos que as perseguições e a ação nos guiarão; todavia, entre elas, há o interesse em entender as nuances futurísticas e o desenvolvimento de uma relação amorosa. Na trama, o Exterminador é enviado ao passado para matar Sarah Connor (Linda Hamilton), mãe de John, líder da rebelião contra os robôs. Kyle Reese (Michael Biehn), aliado de John, também viaja no tempo, travando uma briga contra o ciborgue. O roteiro é hábil ao expor que, no presente, as emoções são consideravelmente mais vivas. O futuro é articulado através de estratégias de luta e resistência, sem espaço para sentimentos complexos. Para Reese, a viagem é o renascimento de uma humanidade desconhecida, o que faz com que o espectador se importe com o personagem. Sarah, a heroína da franquia, é apenas uma garçonete que luta por uma vida digna. Seu arco permite a esperada transformação. A violência é intensa, conversando com a ambientação sombria e os toques de terror adotados por Cameron. O clímax, numa fábrica, deixa um gosto agridoce, de alívio e desalento – a máquina é vencida por outra máquina.

“O Exterminador do Futuro” é um clássico imortal.

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