Se dependesse apenas dos pontos positivos, “Attack Of The Clones” seria uma obra prima.
Pena que os problemas não são pequenos e acabam afetando a experiência.
Está longe de ser um filme ruim, no entanto, quando os créditos sobem, uma das certezas que temos é de que poderia ser melhor.
O roteiro volta a focar em uma trama política desnecessária e ainda mais confusa. Tudo que podemos tirar daqui é que os Sith estão de volta. O resto é desinteressante e enfadonho.
O design de produção é novamente o ponto alto do filme.
Além de belíssimas, as cidades têm textura e detalhes sutis.
Naboo apresenta paisagens encantadoras. O campo e o sol trazem paz, refletida não só nas expressões dos personagens, mas, principalmente no figurino colorido de Padmé.
Por outro lado, Coruscant é um lugar tumultuado, repleto de carros e uma atmosfera soturna. O bar que Obi-Wan e Anakin entram nos remete ao gênero Noir. É bem possível que George Lucas tenha visualizado alguma obra do tipo quando idealizou a cidade.
As criaturas também contêm particularidades e o fato delas nos convencerem é mérito total dos efeitos visuais.
Como disse, os figurinos conversam diretamente com a personalidade dos personagens e com o ambiente em que eles estão.
Longe do ofício de rainha e vivendo uma aventura com Anakin, Padmé se vê mais livre e alegre, logo, suas roupas possuem tons mais claros e dificilmente cobrem seu corpo inteiro.
Anakin utiliza tons escuros, a não ser pela última camada de sua roupa, que é branca e representa um fio de esperança.
Palpatine está sempre de preto e as paredes de seu escritório são vermelhas.
As roupas dos Jedi são claras e fogem do luxo. São seres humildes, generosos e pacientes.
George Lucas apresenta os mesmos truques do filme anterior. As tomadas aéreas são magníficas e as sequências de ação são excelentes. Diria que seu principal mérito foi ter colocado o Mestre Yoda em uma das batalhas, que por sinal, é de longe a melhor.
John Williams é outro que utiliza muito bem as cartas que têm. O maestro varia os tons com muita delicadeza, sabendo exatamente a hora de emocionar e nos fazer levantar da cadeira.
O roteiro, felizmente, “esquece” Jar Jar Binks e dá mais espaço para os atores desenvolverem seus personagens.
Ewan McGregor encarna Obi-Wan Kenobi com muita naturalidade. Enxergamos a influência de Qui-Gon – ele é extremamente carinhoso, rigoroso e seguro de si. Obi-Wan adora Anakin e sabe de seu potencial, mas teme a sua forte personalidade. O ator consegue transmitir esse conflito interno e nos convence como um homem sereno e incorruptível.
Hayden Christensen é o que precisa ter o maior alcance e a sua interpretação é satisfatória.
Anakin Skywalker é o personagem mais complexo da saga. Ele é o futuro dos Jedi – sua habilidade com o sabre é comparada a do Mestre Yoda.
Porém, diferente dos demais, Anakin nutre sentimentos fortes e não consegue controlá-los. Ele se culpa diariamente por ter abandonado a mãe e se apaixona por Padmé.
Sua retórica ainda é um pouco imatura, mas o ódio está em seu olhar. Seus atos são impulsivos e aliados à sua força, são capazes de dizimar uma vila inteira. Anakin tem um carinho enorme por Obi-Wan, entretanto, se sente pronto para os testes finais e essa demora lhe acarreta apenas emoções destrutivas. Em contrapartida, o protagonista ama Padmé. Mesmo que o roteiro seja um pouco afobado no desenvolvimento do romance, George Lucas faz o possível e cria momentos bonitos entre os dois.
Hayden consegue ser esse jovem movido por sentimentos conflitantes e que não pertencem aos Jedi. Assim como Obi-Wan, pressentimos seu futuro e gostamos do personagem, porque ele é humano.
Natalie Portman tem mais tempo de tela, mas não faz muita coisa. De qualquer forma, sua presença traz doçura às cenas, o que já é suficiente.
Christopher Lee está excelente como Conde Dookan. O personagem é imponente e ameaçador, graças aos trejeitos minuciosamente calculados pelo ator.
O filme tem as suas barriguinhas, a questão política engorda desnecessariamente a trama, assim como a parte investigativa de Obi-Wan. Alguns segmentos poderiam ter sido cortados.
Entre os tantos momentos de ação, diria que a perseguição logo no início e a última luta de sabres são os mais impactantes.
“Attack Of The Clones” é um bom filme. Agora só falta “Revenge Of The Sith”, que pela minha memória é o melhor dos três.
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