James Gray é um dos cineastas mais coerentes e discretamente brilhantes do cinema contemporâneo. Em vez de seguir os modismos de Hollywood, construiu uma obra autoral com raízes no melodrama clássico, marcada por conflitos familiares, dilemas morais e um senso trágico quase operístico.
Nova-iorquino, Gray estreou jovem com Little Odessa (1994), um drama sombrio sobre lealdade e exílio dentro do próprio lar. Desde então, sua filmografia parece gravitar em torno da ideia de pertencimento, seja nas ruas industriais de The Yards e We Own the Night, na melancolia amorosa de Two Lovers, ou na luta silenciosa de imigrantes à margem do sonho americano, como em The Immigrant.
Seus filmes mais recentes ampliam esse olhar íntimo para escalas maiores: The Lost City of Z é uma meditação sobre obsessão e transcendência em plena selva amazônica, enquanto Armageddon Time retorna ao terreno pessoal com uma crônica sensível sobre amadurecimento, racismo e privilégio nos EUA dos anos 1980.
James Gray não busca o estrondo, ele filma no sussurro, com compaixão e rigor formal. Seu cinema é o de alguém que observa o mundo em silêncio e encontra, nos gestos contidos, uma poderosa expressão do humano. Em tempos de cinismo, sua sinceridade é um ato de resistência.



