James Cagney nasceu em 17 de julho de 1899, em Nova York, e se tornou um dos atores mais icônicos da era de ouro de Hollywood. Com sua energia explosiva, fala rápida e presença magnética, ele redefiniu o arquétipo do gângster nas telas — e foi muito além disso, mostrando uma versatilidade que poucos artistas da época alcançaram.
A ascensão: “The Public Enemy” e a consagração do anti-herói
O estrelato chegou cedo com “The Public Enemy” (1931). A atuação de Cagney como um criminoso impiedoso não só arrebatou o público como também ajudou a consolidar o gênero de filmes de máfia no cinema americano. A clássica cena em que ele esmaga uma toranja no rosto da parceira se tornou um marco da cultura cinematográfica.
“Angels with Dirty Faces” e a primeira indicação ao Oscar
Em 1938, Cagney interpretou Rocky Sullivan em “Angels with Dirty Faces”, ao lado de Pat O’Brien. No final do filme, o personagem de Cagney é condenado à morte e, instigado por um amigo de infância (agora padre), finge covardia ao enfrentar a cadeira elétrica — em uma tentativa de desencorajar jovens infratores. A ambiguidade da cena final rendeu a ele sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Ator.
Virada de chave: “Yankee Doodle Dandy” e o Oscar
Já na década de 1940, o ator surpreendeu ao se afastar dos papéis sombrios e mergulhar no universo dos musicais. “Yankee Doodle Dandy” (1942), cinebiografia de George M. Cohan, revelou uma faceta totalmente nova de Cagney. Com sapateado, canto e um carisma vibrante, ele ganhou o Oscar de Melhor Ator — e provou que era um artista completo.
Década de 1950: maturidade e papéis densos
Nos anos 1950, Cagney seguiu desafiando seus próprios limites. Em “Love Me or Leave Me” (1955), dividiu a cena com Doris Day, interpretando o gângster Marty Snyder. Mais uma vez, sua performance foi reconhecida com uma nova indicação ao Oscar.
A despedida e a breve volta com “Ragtime”
Depois de “One, Two, Three” (1961), comédia de Billy Wilder, Cagney decidiu se aposentar, insatisfeito com os bastidores da produção. Vinte anos depois, no entanto, ele voltaria em “Ragtime” (1981), dirigido por Milos Forman. Mesmo com limitações físicas após um derrame, sua atuação como o comissário Rheinlander Waldo, feita quase sempre sentado, reafirmou sua presença imponente. Foi um adeus silencioso, mas poderoso.
Legado e curiosidades sobre James Cagney
- Recusou grandes papéis, incluindo convites para My Fair Lady e O Poderoso Chefão – Parte II.
- Fundou sua própria produtora, Cagney Productions, ao lado do irmão, apostando em independência artística desde 1942.
- Aposentado por duas décadas, dedicou-se à pintura, cavalos e à vida rural.
- Casado com Frances Vernon desde 1922 até sua morte — uma parceria de mais de 60 anos.
- Em 1974, foi homenageado pelo American Film Institute (AFI), em um evento descrito como “tão grandioso que, se explodisse, o cinema americano deixaria de existir”.
Um mestre que ainda inspira o cinema
James Cagney faleceu em 30 de março de 1986, mas sua influência permanece viva. Seu estilo único, marcado por uma intensidade quase teatral e escolhas ousadas de carreira, ainda serve de referência para atores e cinéfilos ao redor do mundo.