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John Wayne (1907–1979) foi uma das figuras mais emblemáticas da história do cinema americano. Ícone do faroeste e símbolo do ideal masculino norte-americano do século XX, construiu uma carreira marcada por personagens fortes, moralistas e solitários. Com mais de 170 filmes no currículo, Wayne tornou-se sinônimo de heroísmo no imaginário coletivo, eternizado em clássicos como Rastros de Ódio (1956), Onde Começa o Inferno (1959) e Bravura Indômita (1969).

Início da vida: do futebol universitário à sétima arte

Nascido Marion Michael Morrison, em 26 de maio de 1907, em Winterset, Iowa, John Wayne mudou-se ainda criança com a família para a Califórnia. Na juventude, destacou-se como jogador de futebol americano na University of Southern California (USC), até sofrer uma lesão que encerrou sua carreira esportiva. Trabalhando nos estúdios da Fox como assistente de direção e figurante, Wayne teve seus primeiros contatos com o cinema ainda nos anos 1920.

Sua primeira oportunidade como protagonista veio em A Grande Jornada (1930), de Raoul Walsh, que também sugeriu seu nome artístico. O filme fracassou, e Wayne passou boa parte da década em westerns de baixo orçamento, até conquistar notoriedade.

Ascensão ao estrelato: o faroeste como mitologia americana

O grande ponto de virada veio em 1939, com No Tempo das Diligências, dirigido por John Ford. O sucesso do filme não apenas alçou Wayne ao estrelato, mas também inaugurou uma das parcerias mais férteis da história de Hollywood. Com Ford, Wayne estrelou uma série de obras fundamentais do faroeste clássico, onde incorporava a figura do cowboy estoico, muitas vezes dividido entre o dever e os próprios demônios.

Durante as décadas de 1940 e 1950, consolidou-se como o rosto do western americano, mas também atuou em filmes de guerra e aventuras, como A Longa Viagem de Volta (1940) e A Hora da Zona Morta (1952), sempre interpretando figuras de autoridade e integridade.

Versatilidade, patriotismo e controvérsias

Apesar de associado ao western, Wayne buscou expandir seus horizontes: estrelou dramas como O Mundo do Circo (1962), e até se arriscou na direção com O Álamo (1960), filme que também produziu, protagonizou e que lhe valeu uma indicação ao Oscar de Melhor Filme.

Conhecido por seu fervor patriótico, Wayne apoiou ativamente o esforço de guerra dos EUA e foi um dos principais rostos conservadores em Hollywood, chegando a presidir a Motion Picture Alliance for the Preservation of American Ideals. Sua postura política lhe rendeu tanto admiração quanto críticas, especialmente durante a Guerra do Vietnã e os anos turbulentos dos direitos civis.

Reconhecimento com Bravura Indômita

Em 1969, Wayne conquistou seu único Oscar de Melhor Ator por Bravura Indômita, onde interpretou o beberrão e implacável Rooster Cogburn. O papel sintetizava décadas de personagens marcantes: um homem rude, com valores próprios, mas capaz de demonstrar compaixão e coragem genuína.

O sucesso renovou seu prestígio, mas sua saúde já estava em declínio. Mesmo enfrentando um câncer, Wayne continuou a trabalhar até o fim.

Últimos anos e legado duradouro

Seu último filme foi O Último Pistoleiro (1976), uma despedida simbólica em que interpretou um pistoleiro à beira da morte — ecoando sua própria trajetória. Faleceu em 11 de junho de 1979, em Los Angeles, aos 72 anos, vítima de câncer no estômago.

John Wayne deixou um legado imortal. Sua imagem continua presente na cultura americana como arquétipo de bravura, independência e justiça. Embora envolto em polêmicas ideológicas, seu impacto no cinema é inegável.

Com uma presença de tela inconfundível e uma voz grave que ressoava como um trovão, Wayne permanece como uma figura essencial na mitologia do cinema — um homem que, a cavalo ou de chapéu na mão, atravessou o deserto moral e físico do imaginário americano como poucos.

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