Historicamente, existe uma briga de egos entre o diretor e o roteirista. O que é uma grande bobagem, afinal, todos sabemos que o diretor é o gênio por trás dos filmes…
Brincadeiras à parte, Charlie Kaufman é um dos poucos nomes que conseguiu romper essa barreira e colocar seu nome à frente dos cineastas com quem trabalhou. Seu texto e suas ideias são muito específicos. Ao assistir “Being John Malkovich”, “Adaptation” ou “Eternal Sunshine Of The Spotless Mind”, o espectador dificilmente pensará em Spike Jonze ou Michel Gondry.
“Ah, esse é um filme do Charlie Kaufman.”
Ele se tornou um selo de qualidade e de originalidade e já está entre os roteiristas mais influentes da história do cinema, não tenho a menor dúvida.
Ainda assim, com todo esse prestígio, Kaufman passou a assumir também a direção de seus filmes. Talvez por querer expandir sua área de conhecimento, talvez por uma pressão externa.
O fato é que os três longas que contam com seus esforços atrás das câmeras são maravilhosos, principalmente “Synedoche, New York” e “Anomalisa” – a animação mais ambiciosa e complexa que já assisti.
Kaufman mistura com perfeição elementos de humor, surrealismo e existencialismo. Seus textos sempre revelam algo “inconveniente” sobre a natureza humana, algo que não queremos enxergar e é por isso que ele é tão bom.
Kaufman já foi indicado quatros vezes ao Oscar, tendo vencido apenas em 2005, pelo roteiro de “Eternal Sunshine Of The Spotless Mind”, na minha opinião, o seu melhor. Eu e a Academia concordando…quem diria.
Entendo que a Pixar domine as premiações e admiro muito a maioria de seus projetos, no entanto, “Anomalisa” não poderia sair sem a estatueta na edição de 2016. Iria além, acho inclusive que o filme merecia vencer a categoria principal, o que seria histórico.